Foi anunciada a temporada de óperas no Municipal de São Paulo.
Nada que acrescente ou que indique um salto de qualidade.
Teremos a reprise de "Falstaff", de "Colombo". Retorna "Madama Butterfly" em nova produção com a desculpa de homenagear o centenário da imigração japonesa. Quem será Cio-Cio-San, Eiko Senda, naturalmente. Haverá "O Castelo do Barba Azul", produção de Belo Horizonte, com Céline Imbert.
De Richard Strauss, uma parceria com Manaus: "Ariadne em Naxos". Os cantores? Os mesmos de sempre.
Ainda, "Le Villi", de Puccini, "Sansão e Dalila", e "Amelia al Ballo", de Menotti.
Continuamos com a reserva de mercado para os nossos cantores.
Nada contra, temos excelentes profissionais, porém já é mais do que hora de oxigenar um pouco. Por que não fazer pelo menos duas óperas com cantores de fora de algum renome?
Mesmo em relação aos nomes nacionais são sempre os mesmos. Os que estãso de fora não conseguem espaço.
E que me desculpem os defensores. Que programação: "Le Villi", "Colombo", porque não outra de Carlos Gomes há muito não encenada ?
Lamentável.....
2 comentários:
Caro Sr. José,
Sou leitora da sua coluna ha' muitos anos e amante do canto lirico, eu mesma cantora amadora. Gostaria de fazer algumas ressalvas à sua observação.
Em primeiro lugar, oito titulos de opera numa temporada é uma imensa felicidade para qualquer pessoa que goste do gênero. Não posso chamar de "mesmice" uma temporada de opera que oferece titulos como Sansão e Dalila, Ariadne, Castelo do Barba Azul, Amélia al Ballo e Le Villi. Muito ao contrario!!
E que bom que o Municipal finalmente esta' aderindo ao que chamamos repertorio, remontando algumas encenações felizes, como esse Falstaff e o Colombo. NENHUM teatro de opera no mundo sobrevive apenas com novas produções; então, que venham as remontagens!! E ainda melhor (e finalmente): as trocas de produções com outros teatros brasileiros. No caso da remontagem do Falstaff, teremos cantores diversos daqueles da estréia, o que é fantastico.
Quanto aos cantores: acho um certo exagero, realmente, darem quatro papéis importantes para o mesmo cantor, no caso o Vanucci. Por melhor que ele seja, não se justifica. Também não gosto de ver os mesmos cantores sempre, então também preferiria outra Butterfly que não a Eiko, também por melhor que ela seja; mas acho que Ariadne é um grande papel para essa grande cantora. Teremos,entretanto, a Laura de Souza como segunda Butterfly, papel que ela nunca cantou em SP, e a estréia da Claudia Riccitelli como Butterfly junto à OSUSP em maio.
Teremos ainda a oportunidade de conhecer cantores como a Mirna Rubin e o Martin Mühle, ambos enormemente recomendados por pessoas que amam o gênero.
Sou obrigada a fazer uma observação: depois de dez anos, finalmente teremos uma temporada que não é dominada por Portari e Lamosa. So' isso ja' me traz um alivio enorme...
O senhor pede cantores internacionais de primeira linha. Concordo, seria maravilhoso. Precisariamos de muuuuuito mais verba e uma agenda muito antecipada para oferecermos esse tipo de artista ao publico brasileiro. Temos um ministro da cultura que se desculpou com os musicos eruditos, admitindo não ter sequer uma politica a respeito do assunto. O que podemos esperar?
Então lhe digo que não é uma questão de reserva de mercado" e sim de ciscunstância.
No entanto, isso que o senhor chamou de "reserva de mercado" acabou por criar uma geração de cantores liricos que estão sendo exportados, e para teatros de primeirissima linha.
Basta acompanhar as carreiras do Luiano Botelho, Paulo Szot, Fernando Portari, Licio Bruno, Adriane Queiroz (esta sim, gostaria de ouvir nos palcos paulistas!), Savio Sperandio, Martin Mühle, para citar apenas alguns nomes.
Um abraço e sucesso para a sua coluna.
Realmente a não predominância de Portari e Lamosa foi um ganho. Porém, há outros nomes para os quais as portas do Municipal não se abrem, assim foi no passado e continua sendo, infelizmente.
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