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2 comentários:
Sempre me perguntei por que um argumento tão naturalmente "operizável" quanto o amor proibido de Anna e Vrônski nunca tinha tentado um grande compositor russo. Existe apenas o balé com esse nome, que Rodiôn Shtchedrín escreveu para sua mulher, Máia Plissiétskaia. Se "Guerra e Paz", que é muito mais complicada, rendeu uma ópera de Prokófiev -- extremamente irregular, é bem verdade -- por que não este romance? Ou o belíssimo "Ressurreição", só adaptado fora da Rússia por Alfano, o eslovaco Jan Cikker e um americano cujo nome, agora, me escapa.
Das oito versões de "Anna Karênina" consignadas pelo dicionário da Oxford, uma só é de um compositor de certa importância: a do escocês Ian Hamilton, estreada em Londres em 1981.
Isso me deixa muito curioso em relação ao trabalho deste americano, de que venho ouvindo falar há vários meses, desde a companhia da Flórida anunciou a estréia de sua partitura.
As duas óperas anteriores de David Carlson, "Midnight Angel" (1993) e "The Dreamkeepers" (1996), tiveram boa acolhida. O que conheço dele de música instrumental aponta para um compositor de bom artesanato, na linha de tonalismo livre comum à tendência hoje chamada -- na falta de um nome melhor -- de pós-moderna. Que apareça logo um registro, em áudio ou imagem, para que se possa conferir o resultado.
Realmente, Lauro, esse romance tem todos os ingredientes para uma ópera.
Abs José Carlos
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