21 de abril de 2007
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12 comentários:
Uma das matérias que mais me comoveu em minha vida foi a do "Time" sobre a morte de Leonard Warren, durante uma interpretação da "Forza del Destino" no Met. Ele tinha começado a sua grande ária "Urna fatale", parou e começou a cambalear. Renata Tebaldi, que o estava ouvindo nos bastidores, percebeu que algo estava acontecendo, entrou no palco para ampará-lo, e ele morreu em seus braços, de um enfarte fulminante. Embora fosse judeu, Warren tinha-se convertido ao catolicismo, e o seu confessor -- que estava numa frisa próxima ao palco, em companhia do cantor -- pulou para a cena e veio dar a extrema unção a ele. Naquela semana, a matéria do "Time" intitulava-se "Morir, tremenda cosa". Tempos atrás, Sherril Milnes esteve em São Paulo e, durante um almoço que lhe foi oferecido, contou que fazia uma viagem de carro e ouviu, no rádio, a notícia da morte de Leonard Warren. E foi tomado por uma crise de choro que o obrigou a parar no acostamento. Não consigo imaginar fim mais nobre, para um artista como foi Warren, do que morrer no palco, cantando um de seus maiores papéis.
Errata: o confessor estava "em companhia da mulher do cantor" (a cabeça sempre vai mais depressa do que os dedos).
Obrigado Lauro pela comovente narrativa. Vim a apreciar o talento de Warren bem depois de sua morte e o admiro muito. É o meu Macbeth preferido.
E o conde de Luna em duas gravações do "Trovatore":
1) a do Björling com Milanov -- elenco maravilhoso -- na qual o reparo que faço é a regência desabalada do Cellini; e
2) a da Leontyne Price com o Basile (na qual a minha restrição é ao Manrico do Richard Tucker -- sei que muita gente não há de concordar comigo, mas tenho uma certa dificuldade para engolir a voz desse tenor).
A ária do papai Germont cantada pelo Warren é de arrepiar!
Concordo plenamente com as duas observações. O primeiro Trovatore que ouvi tinha uma mezzo pouco conhecida Adriana Lazzarini (excelente), a regência era do Arturo Basile e a soprano Antonieta Stela. Não sei que fim levou essa gravação. Na ocasião, pedi a um amigo que foi à Europa para trazê-la, ele trouxe essa com a Price e o Warren, foi o meu primeiro contato com ele. Maravilhoso! Quando fui à Europa pela primeira vez, em 1986, a aeronave da Alitalia tinha essa gravação como uma das opções de escuta. Fartei-me de ouvi-la. Marav
Senhor Lauro Machado,
Segundo as biografias de Leonard Warren e de Renata Tebaldi, nada se passou assim. Peço-lhe desculpa mas o facto da Tebaldi correr para o palco é surrealista. Aconselho-o a ler as ditas biografias.
Raul Andrade Pissarra
Sr. Raul -- que, ao que parece, nos escreve de Portugal -- obrigado pela retificação. Consultei uma biografia da Tebaldi -- a de Carlamaria Casanova ("La Voce d'Angelo", Electa, 1981) -- e, de fato, a forma como ela relata o episódio não confirma certos detalhes de que me lembro da leitura da notícia, na revista "Time", em março de 1960. É verdade que lá se vão 47 anos, e estou pronto a admitir que, por mais que aquele artigo tenha marcado o rapazinho de 16 anos que eu era na época, a memória pode ser spesso traditrice. Casanova limita-se a dizer: "Quando Renata lo seppe, scoppiò in pianto". Todo o resto, porém, coincide com o relato do "Time", de que eu me lembrava, inclusive a reação de Rudolf Bing, o diretor do Met, e a presença, no camarote, em companhia de Mrs. Warren, do monsenhor Broederick, que pulou para o palco e ministrou a extrema-unção ao amigo convertido. Agradeço-lhe por ter chamado a minha atenção para uma versão mais acurada dos fatos -- embora isso não diminua a emoção que (eu me lembro bem) aquele garoto de 16 anos sentiu ao ler, no "Time", a notícia da morte de um de seus cantores favoritos, numa matéria significativamente intitulada "Morir, tremenda cosa". Um abraço.
Sr. Lauro Machado,
Sou português, mas estou-lhe a escrever de Macau. Também possuo a biografia que citou e nela fui buscar as minhas informações. Quero, por isso, sublinhar que só o facto que referiu da atitude da Tebaldi contradizia as minhas fontes; no resto, tanto quanto eu sei, sou o primeiro a confirmar. Segundo a biografia do Warren, a atitude mais desesperada foi a Richard Tucker, o Álvaro da noite que prestes a entrar viu tudo atrás do cortinado. Posteriormente houve missa com a presença forte dos cantores do Met tais como a Milanov, Richard Tucker e Jan Peerce. No dvd da Força do Destino com a Tebaldi, estaa dá uma entrevista, nos seus 80 anos, e refere-se ao episódio da morte de Warren.
Um abraço
Raul Andrade Pissarra
Longe de mim querer fazer qualquer comentário, pois que estamos entre mestres! Aprendiz de feiticeira, eu somente agora estou conhecendo a maravilhosa voz de Leonard Warren. E vi, no youtube, ele cantando com a nossa Bidu Sayão. Que coisa mais encantadora. Obrigada por dissipar a névoa da ignorância... ehehehe. Estou sempre por aqui, OK? Um abraço grande a todos, Lauro, José Carlos, Sr Raul...
Não quero comentar sobre os detalhes de como exatamente aconteceu a morte de Leonard Warren. Sou um barítono amador, e assim procuro ouvir tudo o que me aparece sobre barítonos. Faço muitas compara ções entre as vozes, mas sempre acabo percebendo que a voz de Warrem é mais completa, a mais perfeita voz de barítono que eu já houvi. Aquela voz forte, vibrante e ao mesmo tempo suave. Perfeita da nota mais grave até a mais aguda. Muitos grandes barítonos existiram: Appolo Granforte, Carlo Tagliabue, Ettore Bastianini, etc...etc...etc, mas analisando-se minuciosamente, Warren está no topo. Acho difícil aparecer outro igual.
Antonio Roberto Tonus.
robtonus@uol.com.br
Concordo plenamente com a observação do Antonio /Roberto.
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