24 de abril de 2007

O NAVIO FANTASMA EM MANAUS

Crítica/ópera/"O Navio Fantasma"
Excessos afundam "Navio"
No Teatro Amaz
onas, diretor da ópera de Richard Wagner satura o palco com símbolos de "brasilidade"
IRINEU FRANCO PERPETUO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Uma bateria de escola de samba entrou no Teatro Amazonas, anteontem, na récita de estréia da ópera "O Navio Fantasma", de Richard Wagner, em Manaus, dirigida pelo alemão Christoph Schlingensief. "

6 comentários:

Anônimo disse...

li hj no jornal, pena que não consegui ver essa montagem. beijos, pedrita

Anônimo disse...

Bom eu estava na noite de estréia dentro do teatro da ópera O navio Fantasma posso definir que a montagem foi bastante ousada, mas uma ousadia em minha opinião boa de se ver. em nenhum momento os "excessos" segundo um crítico prejudicou a ópera.

Unknown disse...

Sabe o que é que me incomoda nesse tipo de montagem, Kaka, muito mais do que a excentricidade de botar uma bateria de escola de samba numa encenação do "Navio Fantasma"? É a overdose de efeitos que submerge a ópera e a converte numa espécie de acessório da mise-en-scène. Certos diretores não confiam na ópera. Acham que quando os cantores têm uma longa passagem musical, vai "ficar chato" e é preciso fazer alguma coisa para impedir isso. E aí sobrecarregam a cena com um monte de tranqueira que distrai o ouvinte, impedindo-o de prestar atenção na música. Assisti uma vez, em Belo Horizonte, a uma "Bohème" encenada pela Tizuka Yamazaki. A seqüência da valsa da Musetta deveria se chamar "onde está o Wally?", pois a cena estava de tal forma atulhada de figurantes fazendo mil coisas diferentes, que literalmente não dava para ver onde estava a Sylvia Klein, intérprete do papel. É a esse tipo de excesso que se refere "um crítico" -- na realidade, Irineu Franco Perpétuo, numa matéria publicada na Folha de São Paulo. Não acredito que o Irineu tivesse qualquer tipo de parti-pris contra a montagem e quisesse "prejudicá-la". Acho apenas que ele estava apontando, objetivamente, uma tendência contemporânea a fazer da ópera uma espécie de cabide no qual se dependuram os trecos mais heterogêneos, debaixo do amplo guarda-chuva da desculpa de que é preciso "atualizar" a ópera. Os diretores -- e não estou falando só do Schlingsief -- acham que têm de fazer "algo de novo" e acabam caindo nesses excessos a que o crítico se refere.
Não vi a montagem de Manaus, Kaka, não posso julgar o resultado e, na realidade, nem é dela que estou falando. Ousadia, sim, é muito bom, concordo com você integralmente. Pena que, com muita freqüência, em espetáculos que temos visto recentemente, ousadia rime com contra-senso.

José Carlos Neves Lopes disse...

Concordo plenamente com as ponderações do Lauro. Infelizmente, na atualidade, tem sido um hábito essa mania de atulhar o palco de uma série de coisas alheias à ação da ópera. Estão lembrados daquele infeliz Il Trovatore, no Municiapl de São Paulo?
A ação se enriquece quando não se cometem esses excessos cênicos. Vide a Carmen de Berlim, com Villazon, em 2004, soba direção do excelente Martin Kusej.
José Carlos

Unknown disse...

Ou uma montagem que eu considero exemplar nesse sentido, José Carlos: a do "Rigoletto", feita na ENO, em que a ação é transposta para a Little Italy novaiorquina, na atualidade. Rigoletto é o garçon na boate de um chefe mafioso chamado Duke. Ou seja, a atualização mostra a permanência, em todas as épocas, de alguns elementos básicos do comportamento italiano: machismo, senso de defesa da honra, apelo à violência para o acerto de contas, sacrifício irracional por amor (coisas que, dentro de uma ambientação mafiosa, ficam extremamente naturais). Essa montagem do Jonathan Black é a demonstração de que, com inteligência, as ousadias enriquecem a visão nova lançada sobre a ópera. Coisas como aquele "Trovatore" -- você já ouviu falar em bruxas queimadas na fogueira em pleno século XX? -- são apenas pobreza de espírito.

Unknown disse...

Fiquem atentos ao próximo número da revista "Concerto". Nele será publicada uma crítica muito boa dessa montagem do "Fliegende Holländer", feita pelo Nelson Kunze, que estava lá.

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