16 de junho de 2008

Tcheryomushki de Dmitri Shostakovich

Tcheryomushki de Dmitri Shostakovich
estréia, em julho, no Theatro São Pedro


Opereta em três atos ganha sua primeira montagem no Brasil
com o Núcleo Universitário de Ópera e direção de Paulo Maron.

O Núcleo Universitário de Ópera e Orquestra Filarmonia apresentam – sob direção e regência do maestro Paulo Maron – a primeira montagem brasileira da opereta Moscou, Tcheryomushki, de Dmitri Shostakovich e libreto de Vladmir Mass e Mikhail Chervinsky. As apresentações acontecem nos dias 4, 5 e 6 de julho – sexta e sábado (20h30) e domingo (17 horas) – no Theatro São Pedro.

Tcheryomushki é uma ousada sátira ao sistema de distribuição de moradias nos anos 50, quando Stalin morre e Krushtchov chega ao poder. Iniciou-se a chamada “era do degelo”, período em que o governo soviético queria mostrar ao povo que os tempos de repressão havia acabado e que uma nova era se iniciava na Rússia, mas na verdade censura ainda corria solta. Para apresentar essas sutis críticas ao governo, Shostakovich optou por uma música cheia de elementos folclóricos e auto-citações.

A opereta satiriza toda a burocracia que o povo enfrentava para se conseguir um apartamento nos novos condomínios nos bairros da periferia de Moscou. As famílias deviam provar que estavam desabrigadas ou que suas casas estavam em ruínas. A história começa no Museu de História e de Reconstrução de Moscou; lá trabalham Lidotchka e Sasha. Este último é casado com Masha há seis meses, mas vivem em casas separadas. Ela, numa república e ele, no sótão da casa de Lidotchka. Todos sonham com um apartamento no bairro de Tcheryomushki.

Certo dia, o pai de Lidotchka conta, desesperado, que a casa deles desabou, pois o teto ruiu de tão velho. Lidotchka e seu pai, assim como Sasha e Masha, passam a ter direito de adquirir um apartamento em Tcheryomushki. Como se trata de um lugar muito distante do centro de Moscou, eles contam com a ajuda do jovem chofer Sergey e de seu amigo Boris, um namorador e mulherengo convicto que vive perseguindo Lidotchka. Todos vão para Tcheryomushki. Lá encontram uma série de novos moradores que enfrentam as burocracias de Drebiedniov, funcionário do partido responsável pela concessão dos apartamentos, sempre ajudado pelo sindico Barabáshkin.

Ao final se descobre que a solução de tudo só se dá por mágica. Os moradores descobrem um banco de jardim mágico: as pessoas que nele sentam dizem só a verdade.

Shostakovich & Tcheryomushki

Em 1957, Shostakovich aceitou o convite dos libretistas Mass e Chervinsky para musicar os versos de uma opereta ou comédia musical que eles denominariam Moscou, Tcheryomushiki. Foi um parêntese na obra de Shostakovich que, até então, se caracterizaria por uma música de conteúdo trágico e uma amarga ironia, principalmente após a morte de Stalin, em 1953. Pouco antes de começar a escrever Tcheryomushki, Shostakovich terminara a décima e a décima primeira Sinfonias, e os quartetos números 5 e 6. Boa parte da opereta foi escrita num hospital de Moscou, pois as dores crônicas na mão direita obrigara o compositor a constantes fisioterapias, isso porque Shostakovich nunca parava de compor.

Esta sátira ao sistema de distribuição de moradias nos anos 50, no governo de Krushtchov, registra o começo de uma assimilação maior da cultura ocidental pela Rússia, principalmente do ponto de vista da moda e do design arquitetônico. Os pequenos bairros da periferia de Moscou começaram a ser reconstruídos. Grandes complexos de edifícios foram levantados com rapidez, muitas vezes sem a devida preocupação com acabamentos ou qualidade de material. O primeiro a surgir foi apelidado na época de Novyi Tcheryomushki ou Bairro das Cerejeiras, onde era muito difícil conseguir um apartamento. Isto só acontecia mediante provas de total necessidade.

Ficha Técnica
Espetáculo: Moscou, Tcheryomushki
Opereta em 3 atos de Dmitri Shostakovich
Libreto: Vladmir Mass e Mikhail Chervinsky (primeira audição no Brasil)
Direção cênica e musical: Paulo Maron
Com o Núcleo Universitário de Ópera e Orquestra Filarmonia
Figurinos: Rosemarie Rossi e Mirella Rossi
Cenário: Paulo Maron
Preparação corporal: Marília Velardi
Preparador de coro: Paulo Bezulle
Realização: SEC – Governo do Estado de São Paulo
Produção: NUO
Apoio: APAA – Associação paulista dos Amigos da Arte
Elenco
Lidotchka: Gabriella Rossi (soprano)
Boris: Pedro Ometto (barítono)
Sergey: Caio Oliveira (tenor)
Liusya: Alexandra Liambos (soprano)
Sasha: Tiago Kaltenbacher (baixo)
Masha: Natália Kawana (soprano)
Drebiedniov: Jorge Trabanco (barítono)
Vava: Ana Lúcia Banedetti (mezzo-soprano)
Baburov: Luciano Simões (barítono)
Barabashkin: Glaucivan Gurgel (barítono)

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