12 de setembro de 2008

MORRE ELVIRA BALDERI


D. Elvira, a mestra, partiu

La grande cantante Elvira Balderi Crimi partiu .

18 de abril de 1911 a 11 de setembro de 2008

Ao entrar no palco, ela ouvia dos coristas - os mais difíceis de se conquistar -, em tom reverencial: “Oh, signorina!”, enquanto o aplauso dos músicos, o tac-tac-tac dos arcos em cima das estantes, ressoava na sala. Isso era a consagração, o grande sucesso. E ela os teve durante os 12 anos em que fez carreira como cantora.

Predestinada pelos deuses da música, poucos dias após seu nascimento, em Nápoles, no dia 18 de abril de 1911, seu querido avô paterno, Tito Balderi, fizera uma simpatia que selaria o pacto com eles, enterrara o cordão umbilical que caíra do umbigo da criança. Estava selado seu destino: “ La pupa seria una grande cantante”.

Inicialmente estudou piano no Liceu Musical durante dez anos, tirando o diploma no Conservatório San Pietro a Majella, em sua cidade natal. Aos 19 anos, já em Viterbo, cidade próxima de Roma para onde a família se mudara, prestou concurso no Conservatório de Santa Cecilia, em Roma, passou e lá estudou durante seis anos. Foi aluna de canto das professoras Fausta Lábia e Giuseppina Baldassare Tedeschi, e de artes cênicas do maestro Marcelo Govoni, que pressentiu que tinha um diamante bruto nas mãos e o burilou, conseguindo fazê-la superar sua timidez e brotar uma interpretação notável, tanto assim que, quando ela estava tendo aula, os alunos das demais classes de canto, de piano, de violino etc., iam vê-la. Uma grande estrela estava em gestação.

Estreou no palco aos 27 anos, em Catanzaro, na Calábria, fazendo o papel de Bia, em Íris. Mas suas lembranças de início de carreira recaem sobre um fato que atesta seu caráter alegre, irreverente e intrépido, além da inquestionável consciência que sempre teve da perfeição do seu canto. Deu-se na cidade de Pordenone, em Veneto, quando interpretava a Musetta de La Bohème: ao ser perguntada pelo grande maestro Arturo Lucon (que regia uma companhia lírica que estava apresentando I Pagliacci e que não gostara da cantora convidada para fazer parte do grupo) se sabia I Pagliacci, Elvira não teve dúvida, respondeu que sim, “mesmo sabendo que sabia somente o primeiro ato, mas não queria perder a chance” No final do espetáculo tomou uma solene bronca dele e recebeu o convite para cantar em Vicenza, para onde a companhia iria em turnê. Os grandes reconhecem seus pares...

Cantou 12 óperas: Madame Butterfly; Bohème; I Pagliacci; Turandot; Carmen; Un Ballo in Maschera; Guglielmo Tell; O Segredo de Suzana; Serva Padrona; La Traviata; Íris e Ave Maria. Apresentou-se nos melhores palcos da Itália, França, Espanha, Alemanha e Brasil. Cantou com os principais nomes da cena lírica mundial.
Foi uma exigente professora de canto, com muito orgulho!

Com mais de 92 anos, escreveu e publicou o Livro "Uma história de Arte e Amor". Recebeu convites para publicá-lo em Italiano.
Estava preparando com os seus alunos uma montagem em concerto de " La bohème" de G.Puccini

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