5 de agosto de 2015

DUOS E CANTO E PIANO NO CMB EM AGOSTO

O Centro de Música Brasileira apresenta dois duos em agosto, flauta e piano e canto e piano

Homenagem aos 50 anos da “1ª Brasiliana” de Osvaldo Lacerda e a Alberto Nepomuceno

No dia 22 de agosto, sábado, às 20h, o Centro de Música Brasileira (CMB)apresenta dois duos, flauta e piano com Celina Charlier e Paulo Gori e canto e piano com Patricia Endo e Dante Pignatarina Sala Cultura Inglesa doCentro Brasileiro Britânico, em Pinheiros. Apoio Cultural da Cultura Inglesa de São Paulo. Grátis!


Na primeira parte do programa, a flautista Celina Charlier e o pianista PauloGóri farão o recital “Música Brasileira para flauta e piano da Belle Époque à Vanguarda” em Homenagem aos 50 anos da “1ª Brasiliana” de Osvaldo Lacerda.

A cantora Patrícia Endo e o pianista Dante Pignatari farão o recital Alberto Nepomuceno e a invenção da canção brasileira. Entre os poetas há canções com textos de Machado de Assis e Olavo Bilac.

A proposta da Temporada 2015 do Centro de Música Brasileira é diversificar em cada apresentação a variedade de compositores eruditos brasileiros, os instrumentos, a região de cada músico e as diferentes formações. O CMB é uma sociedade civil sem fins lucrativos e foi fundado em São Paulo em 18 de dezembro de 1984 e iniciou suas atividades em 1985. Já realizou 306 apresentações em São Paulo, e um total de 47 em cidades do interior dos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Promoveu nacionalmente vários concursos de interpretação: 7 de Canção de Câmara Brasileira; 5 de Músicas Brasileiras para Piano e 2 de Músicas Brasileiras para Flauta. Atualmente é presidido pela pianista Eudóxia de Barros.
Programa:
Primeira parte: “Música Brasileira para flauta e piano da Belle Époque à Vanguarda”
Homenagem aos 50 anos da “1ª Brasiliana” de Osvaldo Lacerda

Celina Charlier - Flauta  

Paulo Gori - Piano

Programa

Osvaldo Lacerda                                                    Brasiliana nº 1* (1965):
(São Paulo, 1927-2011)                                                    (para piano solo)
                                               - Dobrado
                                               - Modinha
                                               - Mazurca
                                               - Marcha de Rancho

Osvaldo Lacerda                                                    Ostinato para flauta solo** (1995)   

Gilberto Mendes                                                      Sinuosamente, Veredas*** (1995)
(Santos, 1922)                                                           para flauta solo)

Pattápio Silva                                                           Primeiro Amor
(Itaocara,1880- Rio de Janeiro, 1907)                       (para flauta e piano)

Ronaldo Miranda                                                    Alumbramentos (2009)
(Rio de Janeiro, 1948)                                               (transcrita pelo compositor para flauta e piano
                                                                                  para Celina Charlier) 

Ricardo Tacuchian                                                 Litogravura (2007)
(Rio de Janeiro, 1939)                                               (para flauta e piano)

Edmundo Villani-Côrtes                                         Fantasia Sakura**** (2003)
(Juiz de Fora, 1930)                                                         (para flauta e piano)

Ernesto Nazareth                                                    Apanhei-te, Cavaquinho!
(Rio de Janeiro 1863-1934)                                      (arranjo para flautim e piano por Osvaldo Lacerda) 

* Obra estreada por Paulo Gori em Santos em 1966.
** Obra composta para e estreada por Celina Charlier em São Paulo em 1995. 
*** Obra composta para e estreada por Celina Charlier em São Paulo em 1995.
**** Obra composta para e estreada por Celina Charlier em Nova York em 2003.

Segunda parte: “Alberto Nepomuceno e a invenção da canção brasileira”


Patricia Endo – canto
Dante Pignatari - piano

Programa

Osvaldo Lacerda ( 1927-2011 ) :
Murmúrio ( texto de Cecilia Meireles ) – de 1965

Alberto Nepomuceno ( 1864-1920 ) :
Olha-me                                                         (texto de Olavo Bilac)
Coração triste, Op. 18 nº 1                (texto de Machado de Assis)
Trovas, Op. 29 :                                                        
- nº 1: Com expressão                                   (texto de Osório Duque Estrada)
- nº 2: Scherzando                                         (texto de Carlos Magalhães Azeredo)
Candura                                                         (texto de Rabindranath Tagore)
Xácara, Op. 20 nº 1                           (texto de Orlando Teixeira )
Despedida, Op. 31 nº 1                                 (texto de C. M. Azeredo)
Canção da ausência                           (texto de Hermes Fontes)
Turquesa, Op. 26 nº 1                        (texto de Luis Guimarães Filho)
Soneto                                                (texto de Coelho Netto)
Cantigas                                           (texto de Branca de Gonta Colaço)
Canto nupcial                                     (do Livro de Ruth, I/16-17)
Medroso de amor, Op. 17 nº 1            (texto de Juvenal Galeno)
Numa concha                                     (texto de Olavo Bilac)

Temporada 2015:

22 de Agosto – na primeira parte: flauta com Celina Charlier, acompanhada ao piano por Paulo Góri , que também fará alguns solos; na 2ª parte: canto por Patricia Endo, acompanhada ao piano por Dante Pignatari.

19 de setembro – na primeira parte: Aulus Trio , com violino, violoncelo e piano; na 2ª parte: violino com Tânia Camargo Guarnieri (Itália), acompanhada ao piano por Araceli Chacon.

24 de outubro– piano por Fábio Luz, da Itália, prestando uma homenagem ao compositor sorocabano Nilson Lombardi.

21 de novembro – Recital a 4 Mãos com as pianistas Sylvia Maltese e Paola Tarditi (Itália).

Alberto Nepomuceno e a invenção da canção brasileira
As canções para voz e piano de Alberto Nepomuceno (1864-1920), cerca de setenta peças compostas entre 1887 e 1920, são um dos mais importantes fundamentos da música brasileira do século XX. Da Ave Maria, sua peça de estreia, a A Jangada, escrita no leito de morte, a trajetória delineada pelas canções de Nepomuceno revela um propósito claramente definido: a criação de uma música brasileira.
O principal vetor que norteia a criação dessa música brasileira a que se propôs Nepomuceno é a língua e sua musicalidade intrínseca, o que determinou que a canção fosse seu laboratório, onde a música europeia seria flexionada pela poesia nacional, abrasileirando-se no processo. Embora o folclore e a música popular urbana tenham sido uma de suas fontes de inspiração, o nacionalismo musical de Nepomuceno é de ordem diversa do que seria defendido posteriormente pelos modernistas. Para ele, a via para a constituição de uma música brasileira não era a da apropriação do folclore nacional, ou não apenas isso. Nepomuceno acreditava que a música brasileira deveria ser extraída do idioma português falado e cantado no Brasil, já que a relação íntima que se estabelece entre texto e música numa canção faz com que o idioma inevitavelmente molde a melodia. Nepomuceno nacionaliza a música utilizando sistematicamente textos em português em suas canções, e nesse exercício vai flexionando as tradições musicais europeias e cria o primeiro cancioneiro erudito brasileiro.
Elementos eruditos e populares já se vinham misturando na música brasileira desde o início do século XIX, especialmente e de maneira mais notável nos gêneros semieruditos de salão que culminam nos tangos brasileiros de Ernesto Nazareth; com sua mistura improvável de lundu e Chopin, eles são emblemáticos nesse sentido. Na canção, temos a modinha, que surge como gênero musical no final do século XVIII e une elementos populares ibéricos e recursos melódicos e vocais da ópera italiana. Há registros do grande sucesso que as modinhas brasileiras fizeram na corte por essa época, especialmente pela musicalidade que as distinguia da moda portuguesa e que, portanto, já as caracterizava como brasileiras.
A síntese de popular e erudito, de nacional e internacional que caracteriza a produção musical do Brasil, se dá pela primeira vez de maneira consciente, intencional e continuada nas canções em português de Alberto Nepomuceno. Em suas criações para voz e piano observamos uma mescla, um amálgama de elementos díspares que, catalisado pelo idioma, resulta num estilo único e inequivocamente brasileiro.          
O cancioneiro incorpora uma grande variedade de procedimentos e de elementos constituintes. É o caldeirão onde o compositor foi vertendo diversos ingredientes de procedência diversa: modinha, música ibérica, ópera italiana, recitativo wagneriano, música popular urbana e folclórica, romantismo alemão, vanguarda francesa e, acima de tudo, a língua portuguesa falada e cantada no Brasil, para dele fazer jorrar um dos mais importantes mananciais que vão irrigar a criação da canção brasileira nas primeiras décadas do século XX.

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